segunda-feira, 28 de outubro de 2019


A narrativa de Angústia  é diferente num primeiro olhar: é um romance de difícil compreensão, já que há o discurso indireto livre muito presente , fluxo de consciência em boa parte da história, além das diversas temáticas existentes na trama, aborda o existencialismo e simbologias, e ao mesmo tempo,  utiliza uma linguagem em flashes cinematográficos
O romance é narrado em primeira pessoa, narrador-personagem, apresenta personagens num intenso conflito, é um romance que aborda o existencialismo, em tom intimista. Em cada um deles, o narrador mostra-se e  faz confissões de culpas dramáticas.
Luís da Silva, protagonista do romance, veio do interior (mundo rural) para a capital. Ele é um anônimo qualquer na cidade. Em sua vida provinciana, escreve para o jornal o que lhe pedem, atendendo a encomendas, de forma submissa, sem refutar. Ele se considera um fracassado: vive mediocremente, com sua vida profissional estagnada, sendo apenas um funcionário público, nem em sua vida afetiva, mantendo um noivado prolongado pela falta de condições para a efetivação do casamento. Marina, a noiva, torna-se amante de outro homem, do qual engravida.
Num mundo capitalista, sempre devendo, aluguéis atrasados e fazendo empréstimos para agradar a noiva, Marina. Ele a pede em casamento, mas ela o deixa por outro mais bem-sucedido, Julião Tavares. Filho de comerciantes, bem-sucedido, audacioso e competente na arte em ganhar dinheiro. Julião Tavares possui muito dinheiro para comprar Marina com tudo aquilo que ela deseja: joias, roupas, passeios ao cinema e ao teatro.
Luís da Silva não suporta sua rotina desmotivada e sem novidades. Passa a conviver com um ciúme desmedido que, cada vez mais, leva-o ao crime. Assim ,sentindo toda essa  angústia, ele deve  sobreviver em uma sociedade da qual se sente excluído.
Luís persegue a vida de Marina, seguindo-a feito uma sombra, principalmente depois que Julião Tavares a abandona grávida. O ódio a Julião cresce de forma avassaladora, ele cultiva a ideia de que somente a morte iria dar fim aquele sofrimento: especificamente, a morte de Julião Tavares, que representa tudo aquilo que ele não podia ser, e com isso, surgindo como uma grande ameaça. Oprimido pelos acontecimentos, Luís da Silva persegue seu rival, que andava às voltas com nova amante. Gradativamente amplia-se seu drama interior, sente-se metade, diminuído diante da prepotência de Julião Tavares e, enquanto a angústia o alucina, não tem condições de raciocinar claramente, mas percebe que não há outra saída a não ser o crime.
Há neste momento da narrativa um processo de construção interessante do narrador personagem Luís da Silva, que se vê no momento do assassinato como o seu instante de autoestima, de realização pessoal, tornando-se o herói do seu próprio relato. É nesse contexto que Graciliano constrói a saga do protagonista de Angústia, construído de forma diferente dos apresentados em outras narrativas como São Bernardo e Caetés.

quinta-feira, 21 de março de 2019

Lista de livros Obrigatórios da Fuvest

2019- 
Iracema, José de Alencar

Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis

 Minha vida de menina de Helen Morley

Sagarana, Guimarães Rosa

Mayombe, Pepetela

A Relíquia, Eça de Queirós

Claro Enigma, Carlos Drummond de Andrade

Vidas Secas, Graciliano Ramos